terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diplomacia exposta

Folha de São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010



DIPLOMACIA exposta

Site WikiLeaks começou a divulgar no domingo cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos, produzidos entre 1966 e 2010

ONDE ENCONTRAR
Os documentos são disponibilizados no endereço cablegate.wikileaks.org

FATOS MARCANTES

HONDURAS
Documento de 24 de julho de 2009 diz que a retirada de Manuel Zelaya da presidência de Honduras em junho do mesmo ano "constituiu um golpe ilegal e inconstitucional". O texto contraria versão de que os EUA teriam apoiado o golpe

GUANTÁNAMO
Textos mostram que os EUA negociaram o destino de presos libertados da base americana de Guantánamo, em Cuba. Um texto sugere que aceitar presos seria uma "maneira barata para a Bélgica conquistar proeminência na Europa"

ESPANHA
A eleição de José Luis Zapatero à chefia do governo espanhol em março 2004 gerou uma série de despachos sobre pretensões do socialista. Os papéis indicavam temor sobre a retirada de tropas espanholas do Iraque, o que ocorreu em abril

IRÃ
Documentos relatam pedidos de líderes árabes aos EUA para que atacassem o Irã. Segundo um dos textos, o rei Abdullah (Arábia Saudita) aconselhou os EUA, em 2008, a "cortar a cabeça da cobra" enquanto havia tempo

PAQUISTÃO
Documentos mostram preocupação dos EUA com a presença de material nuclear no Paquistão - os americanos temiam que ele fosse usado em ataques. Segundo textos, os EUA tentavam, em 2007, remover urânio de um reator usado em pesquisa

CHINA
De acordo com documento emitido pela embaixada americana em Pequim em janeiro deste ano, órgão do governo chinês comandou a invasão dos sistemas de computador do Google no país, como parte de uma campanha de sabotagem

ONU
Documento endereçado a diplomatas dos EUA emitido sob o nome da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que se coletem informações "biográficas e biométricas" de funcionários-chave da ONU

SÍRIA
Segundo textos, os EUA não conseguiram evitar que a Síria fornecesse armas ao Hizbollah no Líbano desde 2006. Após promessa síria de não mandar mais armas ao grupo, os EUA reclamaram de novos envios

FATOS HISTÓRICOS

ARGENTINA
Documento de 28 de dezembro de 1966 menciona uma mudança unilateral da Argentina quanto à jurisdição de sua costa marinha, com um projeto de lei que incluiria as Ilhas Malvinas [disputadas como Reino Unido] em seu território

ÁFRICA DO SUL
Documento do cônsul americano na Cidade do Cabo em 17 de janeiro de 1990 informa que o líder sul-africano Nelson Mandela teria sua liberdade anunciada em 2 de fevereiro, depois de 27 anos de prisão. A notícia foi dada pelo próprio Mandela a um juiz

O QUE OS DOCUMENTOS DIZEM SOBRE LÍDERES MUNDIAIS

RÚSSIA
Dmitri Medvedev
Apesar de ser o chefe de Estado russo, a embaixada americana em Moscou disse, em 2008, que ele é "o Robin do Batman", o primeiro- ministro Vladimir Putin

FRANÇA
Nicolas Sarkozy
A Embaixada dos EUA em Paris descreve Sarkozy como "autoritário", mas diz que o francês pode manter "forte relação transatlântica com os EUA"

ITÁLIA
Sílvio Berlusconi
Documento descreve o primeiro-ministro como "irresponsável, vão e ineficaz"; outro texto cita seu gosto por festas, que o impediria de descansar

COREIA DO NORTE
Kim Jong-il
O ditador é descrito em documentos como "velho fraco" que sofreu "traumas físicos e psicológicos" em sua trajetória

LÍBIA
Muammar Gaddafi
Segundo textos, ele raramente viaja sem sua enfermeira ucraniana, descrita como "loira voluptuosa", e não gosta de voar sobre o mar

ARGENTINA
Cristina Kirchner
O Departamento de Estado pediu a sua embaixada informações sobre o seu "estado de saúde mental", se usa remédios e que decisões deixava para o marido, Néstor Kirchner

VENEZUELA
Hugo Chávez
Em conversa com um subsecretário americano, um conselheiro francês classificou o presidente venezuelano como "louco"

ZIMBÁBUE
Robert Mugabe
Documento da embaixada americana em Harare diz que o governo do presidente é atrapalhado por fatores como sua "profunda ignorância sobre economia"

sábado, 27 de novembro de 2010

Lei da Biodiversidade

Folha de São Paulo 27 de novembro de 2010

Governo quer nova lei da biodiversidade
Agricultura e Meio Ambiente dizem ter superado diferenças envolvendo projeto de acesso a recursos genéticos

Legislação deve ficar no lugar de MP de 2001, a qual burocratizou a pesquisa, deixando empresas na ilegalidade

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

O país poderá ter, no ano que vem, uma nova regra sobre uso da biodiversidade.
Os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura dizem ter superado diferenças em torno do projeto de lei de acesso a recursos genéticos, parado desde o primeiro governo Lula devido a divergências entre as duas pastas.
A nova lei substituirá uma Medida Provisória editada em 2001 e amplamente criticada por burocratizar a pesquisa acadêmica e comercial.
As regras da MP determinam que todo e qualquer acesso a recursos genéticos (fauna, flora e microrganismos) brasileiros depende de autorização do Cgen (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético), órgão do Ministério do Meio Ambiente, e precisa repartir benefícios com o detentor do recurso (seja o Estado, sejam comunidades tradicionais ou indígenas).

NINGUÉM LEGAL
Apesar de ter o intuito de coibir a biopirataria, a MP acabou deixando diversas universidades e empresas na ilegalidade, já que as autorizações são demoradas.
"Não conheço quase ninguém que esteja legal. Muitos passaram anos tentando", disse à Folha o farmacologista João Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, pioneiro no desenvolvimento de drogas a partir da biodiversidade nacional.
A dificuldade cria um gargalo à inovação e ao aproveitamento econômico da biodiversidade brasileira, que ele chama de "um pré-sal". "Não há investidor que bote dinheiro porque não sabe se vai ser multado."
A situação culminou com 107 processos de acesso ilegal sendo enviados pelo Cgen ao Ibama. Resultado: multas milionárias -só a gigante dos cosméticos Natura foi multada em R$ 21 milhões. A ironia do caso é que, segundo o próprio presidente do Cgen, Braulio Dias, os 107 processos foram de instituições que haviam pedido para se regularizar.

A REGRA NÃO É CLARA
"O problema é que não havia regras claras, então os conselheiros não sabiam o que decidir", afirmou Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.
Em 2007, o Cgen suspendeu a análise dos pedidos, e neste ano enviou os processos ao Ibama -que decidiu pela multa. A Natura já avisou que vai recorrer.
O episódio levou a ministra Izabella Teixeira a pedir uma reestruturação do Cgen. Dias afirma que o órgão contratará neste ano mais analistas, para agilizar as autorizações. "Os 107 casos vão ser definidos neste ano", diz.
O conselho também credenciará instituições como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Instituto Chico Mendes e algum órgão ligado à agricultura para conceder acesso aos recursos genéticos para fins científicos e comerciais.
Hoje, só o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pode conceder acesso além do Cgen, e só para cientistas.
O principal ponto, porém, é a mudança na lei.
O Ministério da Agricultura sempre foi contra o projeto da área ambiental. Primeiro, por achar que cabia a ele autorizar acesso a espécies de interesse para a agricultura.
Depois, porque a lei tem entre seus objetivos regulamentar no Brasil a Convenção da Biodiversidade da ONU. E a convenção estabelece que todo uso de biodiversidade precisa envolver repartição de benefícios.
O temor da Agricultura era que, como 90% da mesa do brasileiro é composta de espécies de outras partes do mundo, o setor agrícola fosse precisar pagar royalties aos chineses pela soja, por exemplo- e, assim, acabar ficando menos competitivo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Blog do Gargarella

http://seminariogargarella.blogspot.com/ Vejam textos de Riegel e Post, Pzerwoski e Sustein tudo publicado na revista Acá

terça-feira, 23 de novembro de 2010

TPI e o Congo

Tribunal Penal Internacional acusa Jean-Pierre Bemba de crimes contra humanidade na República Centro-Africana

Processo contra ele é o caso mais importante já examinado pela corte, que foi estabelecida em 2002 com sede em Haia
Folha de São Paulo 23 de novembro de 2010

O ex-vice-presidente da República Democrática do Congo Jean-Pierre Bemba, 48, começou ontem a ser julgado no Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crimes de guerra e contra a humanidade.
É a mais importante figura já julgada pela corte, instituída em 2002 e que ainda tenta estabelecer sua eficácia para evitar atrocidades.
Bemba é acusado de ter deixado suas tropas cometer estupros e assassinatos na República Centro-Africana entre 2002 e 2003.
Ele liderou 1.500 militares em ações no país vizinho a convite do então presidente Ange-Felix Patasse.
O objetivo era ajudar o governante a lutar contra grupos que tentavam derrubá-lo do poder. A ação foi frustrada, pois Patasse foi deposto.
O promotor Luis Moreno-Ocampo disse que Bemba falhou em impedir suas tropas de "pilhar, espalhar o terror e devastar comunidades". Segundo ele, Bemba enfrenta duas acusações de crimes contra a humanidade e três de crimes de guerra.
"As tropas de Bemba roubaram os bens das pessoas mais pobres do país mais pobre do mundo", disse Moreno-Ocampo.
"As mulheres eram estupradas sistematicamente para se afirmar dominância e quebrar a resistência. Homens eram estuprados em público para que sua autoridade e capacidade de liderança fossem destruídas."

DEFESA
O acusado se declarou inocente de todas as acusações, segundo o advogado de defesa Nkwebe Liriss. "Vocês estão vendo pela primeira vez, e esperamos que seja a última, o julgamento mais injusto que a Justiça internacional já viu", disse.
Será a primeira vez em que os juízes do TPI deliberarão sobre o conceito de "responsabilidade criminal individual". A decisão pode criar jurisprudência para milhares de comandantes suspeitos de envolvimento em crimes semelhantes.
Bemba foi preso em 2008 na Bélgica e transferido em seguida para o tribunal em Haia, na Holanda, onde desde então está preso. Ele é o líder político de alto escalão que ficou preso por mais tempo no tribunal.
Seus advogados de defesa questionam o fato de Patasse e Bozize não estar sendo julgados também.
Se for absolvido pelo tribunal, Bemba tem condições de concorrer à Presidência da República Democrática do Congo em 2012

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Audiência das quotas

No site do STF, sairam as "notas taquigraficas" sobre a Audiência Pública a respeito
das Políticas de Ação Afirmativa de Reserva de Vagas no Ensino Superior

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=processoAudienciaPublicaAcaoAfirmativa

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Videos sobre cotas raciais e Estatuto da Igualdade racial

1ª parte: http://www.youtube.com/watch?v=n9K--0d72LU

2ª parte: http://www.youtube.com/watch?v=UAX3mzHQBG4&feature=related

3ª parte: http://www.youtube.com/watch?v=FS0CJL8NEKw&feature=related

A crise energética e a nova sociedade

Brasil será líder na área energética, diz Rifkin
16/11/2010
Carla Romero/Valor

Jeremy Rifkin: "As atuais fontes de energia não estão disponíveis em qualquer lugar e a energia renovável distributiva é encontrada em qualquer metro quadrado do mundo"Defensor de causas ambientais e de iniciativas de sustentabilidade empresarial, o economista americano Jeremy Rifkin é um ativista diferente. Professor da Wharton School, tradicional faculdade de administração dos Estados Unidos, sua militância se resume a aconselhar executivos de grandes corporações e chefes de Estado em todo o mundo. Já previu o esgotamento dos empregos por causa do advento de novas tecnologias e profetiza o fim da era do petróleo.

Aos 65 anos, Rifkin se dedica atualmente a ajudar a União Europeia a implantar o que chama de terceira revolução industrial. Trata-se de um plano que prevê a substituição, no longo prazo, do atual modelo energético baseado em combustíveis fósseis por fontes renováveis, com a tecnologia da internet como grande aliada.

O economista aposta que o Brasil será uma das lideranças globais na área energética nos próximos anos e terá papel fundamental na difusão de energia limpa na América do Sul. Segundo Rifkin, a adoção de novos modelos no setor energético é a principal receita da recuperação da economia mundial.

Rifkin estará em São Paulo nesta sexta-feira para participar do Prêmio Eco, iniciativa que premia ações empresariais de sustentabilidade. O evento é promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), com parceria do Valor.

Valor: Baseado em que o sr. diz que o mundo, hoje, passa por uma transição econômica?

Jeremy Rifkin: Nos últimos três anos, dois grandes eventos mostraram que estamos perto do fim da revolução industrial baseada nos combustíveis fósseis. O primeiro, em julho de 2008, veio quando o barril do petróleo atingiu US$ 147. Os preços explodiram e influenciaram a economia global, porque tudo que é produzido hoje no mundo vem dos combustíveis fósseis. Os alimentos triplicaram de preço, uma situação muito perigosa num contexto em que 40% da população mundial vive com renda inferior a US$ 2 por dia. Quando o poder de compra é afetado por causa do petróleo podemos sofrer com a paralisação do motor industrial no mundo inteiro. Esse foi o terremoto econômico, enquanto a crise financeira, que veio 60 dias depois, foi aquele abalo posterior ao primeiro tremor.

Valor: O outro evento, então, foi o colapso dos mercados financeiros?

Rifkin: Não, foi Copenhague. O momento em que a comunidade científica internacional alerta que o mundo acumulou tanto gás carbônico na atmosfera que caminhamos para riscos de mudanças catastróficas no planeta, talvez as maiores que os seres humanos já enfrentaram. O atual modelo de globalização baseado na indústria do carbono está chegando no limite. Já existem previsões de que em poucos anos o mundo já terá usado metade de suas reservas de petróleo, ou seja, vai ficar mais caro. O problema é que a energia continua vindo do carvão e dos combustíveis fósseis, China e Índia crescem com base nesse modelo. Mas se o preço do barril do petróleo chegar a US$ 147 de novo serão momentos de pânico. O mundo precisa de uma nova visão econômica, um plano revolucionário que seja poderoso o suficiente para superar riscos de crise.

Valor: Qual é o plano?

Rifkin: Se olharmos para a história, a convergência entre energia e comunicação gerou grandes impactos econômicos. No século XIX, quando a tecnologia de impressão se tornou mais barata, foi introduzido o sistema de escolas públicas no mundo todo, primeiro passo para a criação de uma força de trabalho letrada em massa, com habilidades para lidar com as complexidade das demandas energéticas da época - o carvão, o vapor. No século XX, o telefone se tornou instrumento de comunicação avançado para gerir e controlar a segunda revolução industrial, que marcou a era do petróleo e a do automóvel. Atualmente as tecnologias baseadas nessas energias estão se tornando velhas rapidamente. O mundo precisa de renovação, por isso estamos no limiar da terceira revolução industrial. A internet aparece como tecnologia de comunicação revolucionária, porque é distributiva e colaborativa, enquanto a impressão, a TV, o rádio eram centralizadas. Isso é uma peça-chave para a tendência dos negócios atualmente.

Valor: Qual a relação entre internet e o fim da era do petróleo?

Rifkin: Minha ideia é que esse modelo colaborativo e distributivo da internet possa ser convergente com novos regimes de distribuição de energias renováveis. Isso torna a ideia de terceira revolução industrial poderosa, porque terá um efeito multiplicador em todo o mundo, num processo que será liderado por Índia, Brasil e União Europeia.

Valor: Já está em andamento?

Rifkin: A União Europeia já se comprometeu com um planejamento bastante ambicioso de infraestrutura na direção da terceira revolução industrial. Eu sou um privilegiado por participar. A grande meta é passar a usar 20% de energia renovável na Europa até 2020. É uma corrida contra o tempo, governos e empresas já estão trabalhando.

Valor: Como funciona essa terceira revolução industrial?

Rifkin: As atuais fontes de energia, como carvão, petróleo e urânio, são de elite, não estão disponíveis em qualquer lugar, demandam investimentos políticos, militares e de capital. Já a energia renovável distributiva é encontrada em qualquer metro quadrado do mundo. Vem do sol, do vento, do calor debaixo do solo, do lixo, dos compostos orgânicos gerados pelos processos agrícolas, das marés e das ondas do mar. Mas o importante é coletar nossa própria energia. Em 25 anos, milhões e milhões de prédios no mundo inteiro poderão ser convertidos em miniusinas, utilizando o sol, o vento, o calor debaixo do solo, para gerar energia limpa em forma de hidrogênio, que será armazenado como uma mídia digital. A forma de distribuição será inteligente e compartilhada como a internet, as redes de transmissão de energia renovável serão integradas.

Valor: Na contramão do que o sr. fala, o Brasil está entrando em uma nova era do petróleo, com as descobertas da camada pré-sal.

Rifkin: O Brasil tem muita sorte em relação aos outros países do mundo e um poderoso papel no campo energético, principalmente na região onde está. Seu potencial energético limpo o transformará numa grande liderança mundial. O pré-sal tem de permitir uma transição limpa, usando as receitas do petróleo para subsidiar a construção da infraestrutura de energia renováveis. O país pode liderar esse processo na América do Sul.

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A escravatura no Brasil

Folha de São Paulo 16 de novembro de 2010




São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010



Pesquisa mostra vingança de escravo no Brasil Império
Pequenos proprietários, sem capatazes, eram vítimas fáceis de ataques; brigas incluíam até luta em bananal

Senhores mais ricos, "de novela", ficavam distantes dos cativos; número total de donos mortos é desconhecido

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Os senhores do Brasil escravocrata eram tão confiantes na submissão dos seus escravos que, com frequência, acabam assassinados por falta de tato ao lidar com eles.
A conclusão é da historiadora Maíra Chinelatto Alves, cujo mestrado recém-completado na USP é sobre isso.
Ela conta, por exemplo, o caso do velho Pedro Antônio Oliveira, mais de 80 anos, de Campinas. Em 1845, irritado, teve a genial ideia de ir sozinho atrás de um dos seus 15 escravos, João de Nação, negro forte com menos de 30 anos, para castigá-lo.
Em uma cena digna de filme B de ação rodado no Terceiro Mundo, o velho e o negro se encontraram no meio de um bananal. Oliveira deu uma paulada na cabeça de João, que reagiu com uma foice, matando o seu dono.
Em sua defesa, João disse que tinha tomado "algumas pingas" e que "ainda andava meio quente delas".
Com frequência, diz Chinelatto, os donos achavam que seus escravos faziam corpo mole e desciam o sarrafo para acabar com isso.
Os mais ricos tinham intermediários, como capatazes, responsáveis por lidar com os escravos. O senhor, então, conseguia ficar mais distante. "Mantinha até uma imagem paternalista de senhor justo, a quem os cativos podiam recorrer", diz Chinelatto, que estudou processos criminais da época.

SEM INTERMEDIÁRIOS
Mas proprietários mais pobres, como Oliveira, não tinham como manter intermediários. "Não existia só aquele senhor que a gente vê em novela, com vários capatazes. Todo mundo tinha escravos, mesmo que poucos." Senhores mais pobres tinham de se misturar aos escravos.
Outro deles era João Lopes de Camargo, também de Campinas. Num dia de 1847, foi até a roça e achou o serviço mal feito. Por isso, chicoteou o escravo Matheus.
Ele reagiu, derrubando Camargo, que caiu de bruços. Mateus batia com um pedaço de pau, enquanto seu colega Venâncio atacava de enxada.
Enquanto apanhava, segundo o depoimento de uma escrava, Camargo pedia a Matheus "que pelo amor de Deus não lhe matasse", prometendo-lhe a liberdade.
Matheus: "Quando você está surrando minha mulher, não se lembra de carta de liberdade. Por isso hei de matar você, mulher e filhos".
Conseguiu matá-lo e correr para matar sua mulher, mas foi impedido por vizinhos que foram ver o que acontecia -o que mostra que a fazenda de Camargo, de fato, não era tão grande.
Um terceiro proprietário, Antônio Pinto da Silva, foi morto em 1849 depois de esbofetear um escravo que, "de modo arrogante", disse que não podia comer angu pois "isso lhe faria mal à barriga".
A punição para os escravos assassinos mudou com o tempo. No começo do século 19, a regra era a pena de morte. Com o final da escravidão se aproximando, as penas foram ficando mais brandas.
Era um sinal de que mesmo a Justiça começava a achar aceitável certa revolta contra a escravidão. Além disso, há um motivo menos ideológico: com o fim do tráfico, escravos ficaram caros, e não se mata algo valioso.
É difícil saber exatamente quantos casos aconteceram: processos podem ter se perdido, e a própria Justiça ainda estava se consolidando.

sábado, 6 de novembro de 2010

Sistema eleitoral americano

Folha de S. Paulo 6 de novembro de 2010

Após êxito, oposição manobra para se encastelar no poder
Governadores, a maioria republicanos, controlarão redivisão de distritos para próxima eleição congressual

Processo ocorre a cada dez anos e é marcado por divisão geográfica "criativa'; reflexo se dará na eleição de 2012

J. Scott Applewhite/Associated Press


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A conquista republicana de governos estaduais nos EUA na última terça-feira adicionou mais um problema à lista do presidente Barack Obama, desta vez com impacto direto na próxima eleição, em 2012.
A oposição terá nas mãos o redesenho dos distritos eleitorais pós-Censo 2010, em uma chance única de se perpetuar no poder. Cada distrito elege um deputado.
O redesenho é oficialmente feito em resposta a mudanças populacionais medidas pelo censo, o que ocorre uma vez por década.
O número de deputados de cada Estado é determinado de acordo com o tamanho da população.
As mudanças em geral são feitas pelas Assembleias locais e pelos governadores (em apenas 8 dos 50 Estados o Executivo não participa).
E é um fenômeno político comum o partido local majoritário usar as fronteiras de forma a garantir mais votos para si em cada área.
A manobra é feita riscando o mapa de forma a incluir ou excluir eleitores de determinado partido ou faixa demográfica com a intenção de aumentar as chances do grupo no poder.
Há inclusive um termo para isso -"gerrymandering", referência a Elbridge Gerry, governador de Massachusetts no século 19 que primeiro adotou a prática.
"O desenho dos distritos essencialmente permite que legisladores escolham seus eleitores antes mesmo de disputar a eleição", disse Dick Dadey, diretor executivo da ONG Citizens United.
Republicanos comandarão a partir de janeiro pelo menos 29 governos estaduais. O grupo bipartidário Election Data Services estima que cerca de 19 Estados verão mudança em sua representatividade depois do censo.
Em Michigan, Ohio e Pensilvânia, que devem perder vagas, haverá republicanos no poder para decidir quais distritos serão eliminados.
No Texas e na Flórida, que devem ganhar vagas, escolherão onde criar fronteiras.
Alguns analistas estimam que o redesenho dos distritos, que será feito em 2011, poderá oferecer aos republicanos um ganho de mais 30 vagas na Câmara.

DIVISÃO PARTIDÁRIA
O Partido Republicano também teve ganhos históricos em assembleias locais.
Estima-se que ao final da apuração terão controle sobre o maior número de Legislativos estaduais desde 1928.
Para Tim Storey, da Conferência Nacional de Legislaturas Estaduais, republicanos terão poder para redesenhar sozinhos 190 distritos, contra 70 de democratas.
O resto será planejado por governos com câmaras dividas ou comissões externas. O resultado, para Mattew Frankel, do instituto Brookings, é que aumentará também a divisão entre os partidos.
Quanto mais conseguem tornar um distrito favorável a um partido, menos os candidatos precisam se preocupar em agradar eleitores opositores e independentes.
"Sem temores de uma luta eleitoral dura, há menos incentivo para membros do Congresso para moderar suas posições", afirmou Franke

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Argentina e Kirchner

Argentina en clave literaria EL Pais de 2 de novembro de 2010
Por:
Winston Manrique Sabogal
02/11/2010
El ADN de los países y los pueblos está escrito en su literatura. Y en Facundo, Boquitas pintadas, Los pichiciegos y Santa Evita están escritos buena parte de los de Argentina. De lo que podría ser su sino y destino. Almenos estos son algunos de los libros que se han citado estos días para tratar de entender a la Argentina y su historia y su idiosincrasia. El detonante de estas reflexiones ha sido la muerte del ex presidente argentino Néstor Kirchner, el pasado 27 de octubre, y toda la bulla que ha surgido a su alrededor. Ahora, varios escritores, editores y periodistas argentinos y un crítico literario español nos recomiendan algunos títulos clave para aproximarnos a la historia argentina; a un pasado recogido en novelas y cuentos y que nos sirven para entender aquel presente, y quizá vislumbrar su horizonte.

Una vez más la literatura nos da la clave de la realidad. En esta ocasión a través de las rcomendaciones de Pablo de Santis, Jorge Lanata, Martín Caparrós, Andrés Neuman, Juan González del Solar y Ernesto Ayala-Dip.

Una de las primeras personas en echar un vistazo a la literatura para tratar de entender y explicar la realidad argentina fue el periodista Fernando Gualdoni, subjefe de la sección Internacional de EL PAÍS, en su artículo titulado Madera de caudillo: "Para sus críticos, el ex mandatario representó la tradición autoritaria descrita por Domingo Faustino Sarmiento en su célebre libro Facundo, que describe la vida de Juan Facundo Quiroga, gobernador y caudillo de la provincia de La Rioja durante las guerras civiles argentinas, a mediados del siglo XIX. El caudillo es producto de la intensidad de la llanura argentina y de la fuerza bruta y la autoridad sin límites que allí predominan. Como el grueso de los peronistas de izquierda, Néstor Kirchner militaba y su viuda, Cristian Fernñandez de Kirchner, aún lo hace en la corriente historiográfica que postula al caudillo -en este caso encarnado en la figura de Juan Manuel de Rosas, el principal dirigente de la denominada Confederación Argentina (1835-1852)- como el héroe nacional opuesto a los intereses oligárquicos. Esta visión de la historia sostiene que América Latina entró en decadencia cuando se abrió al mercado internacional y adoptó los estándares económicos reconocidos en el mundo desarrollado. Al mismo tiempo, condena a muchos intelectuales por 'vendepatrias', es decir, por ser favorables a los intereses extranjeros frente a los nacionales. El revisionismo estuvo muy presente en el discurso de la presidencia de Kirchner durante los festejos de los bicentenarios de las independencias argentina y venezolana durante este año".

Siguiendo con periodistas argentinos, Jorge Lanata nos ofrece esta reflexión: "Como sucede siempre, las mejores radiografías sobre Argentina fueron escritas por extranjeros: Ortega y Gasset y Witold Gombrowicz. A Ortega le bastaron un par de viajes de algunos meses para entender el 'alma argentina', observación de campo más intuición pura, excelente prosa y golpes certeros: el argentino vive por delante de sí mismo. El otro, Gombrowicz, decidió ser el escritor polaco más importante del siglo XX pero vivió en Tandil: `Diario argentino', entre otros, se llamó su bitácora de aquel viaje interior en el interior de este país. Agregaría a la lista un tercero, nacido sanjuanino y vuelto extranjero, lúcido y cabeza dura, adelantado: Domingo Faustino Sarmiento, al decir de Unamuno,"el mejor escritor español del siglo XIX".

El periodista y escritor Martín Caparrós nos acerca a la idiosincrasia de su país a través de cinco libros de todos los tiempos: "Como no tenemos un origen claro, los argentinos somos rehenes del mito del origen. Por eso recomiendo primero el Viaje al Río de la Plata (1567) de Ulrico Schmidl, el primer relato que se escribió sobre estas tierras. Schmidl, un lansquenete alemán, llegó con el fundador Pedro de Mendoza en 1936 y, como todo inmigrante, se las prometía muy felices. La empresa terminó en un desastre que incluyó, por supuesto, crímenes, condenas y un hermano que se comió la nalga de su hermano.

Para seguir habría que pasar –¿cómo esquivarlo?– por el Facundo (1845) de Domingo Faustino Sarmiento. Pero yo le daría una chance a la Excursión a los Indios Ranqueles (1870) de Lucio V. Mansilla. Allí, la civilización –uno de los hombres más ricos de su tiempo– va a visitar la barbarie –los aborígenes de la última frontera– y se confunde. Es la confusión que, de algún modo, somos.

Después, para ver los primeros efectos de esa mezcla multitudinaria que convirtió a la Argentina en la Argentina, habría que leer los Aguafuertes Porteños (1933) de Roberto Arlt. La chantada, la esperanza, la desesperación y otros rasgos del supuesto caracter argentino están ahí, de una vez y para –casi– siempre.

Y, por fin, el que busca una introducción más contemporánea a lo que ha pasado en estos días debería leer los artículos que el gran cronista de la necrofilia patria, Tomás Eloy Martínez, dedica al tema en El sueño argentino (1999)".

Entre los escritores argentinos, Pablo de Santis recomienda tres libros, para ver ese arco biográfico de la Argentina: Facundo. Domingo Faustino Sarmiento. Mezcla de tratado sociológico, panfleto político y biografía de un enemigo, el Facundo es un libro intenso, radical, que plantea la realidad argentina en términos de civilización y barbarie. Esas palabras son un hechizo que, para bien o para mal, seguimos repitiendo. Sarmiento defiende la civilización pero a la vez se deja seducir por lo que el llama la barbarie. La obra de un genio, vehemente cuando está convencido, pero más vehemente cuando duda.

Borges. Adolfo Bioy Casares. Bioy registró minuciosamente los diálogos de medio siglo de amistad con Borges, y el resultado, este libro monumental y secreto, se convirtió en algo esencial de la obra de Bioy y en el documento más entretenido y malvado sobre la vida literaria argentina. En nuestra literatura no abundaron los diarios (lo más autobiográfico que tenemos es la literatura fantástica) pero estas mil y pico de páginas llenan ese vacío.

Radiografía de la pampa de Ezequiel Martinez Estrada. Horrible título (qué libro resiste en su portada la palabra "radiografía") para un libro asombroso. Capítulos breves, contundentes, líricos, para la obra central de un pensador que todo lo exageraba y cuya verdadera obsesión es la soledad a la que nos condenan nuestras grandes llanuras. Martinez Estrada llevó el ensayo a una forma límite de originalidad, como hicieron en la literatura europea Gottfried Benn y Elias Canetti".

Por su parte, Andrés Neuman se queda con dos obras contemporáneas que condensan origen y presente: Boquitas pintadas, de Manuel Puig. Sin narrar acontecimientos históricos, esta extraordinaria novela resume con bastante precisión la bipolaridad de la cultura argentina: por un lado, la tendencia al melodrama, al mito popular, a la sentimentalidad arrabalera; por otro lado, la tentación vanguardista, la influencia foránea, la experimentación esnob o genial o las dos cosas. Dicho de otra manera, su costado peronista y su costado francés. Ambos polos, siempre en tensión, explican a Manuel Puig y también a su país natal, que no siempre lo quiso tanto como él se merecía.

Los pichiciegos, de Fogwill. Después de esta novela (y de Las islas, de Carlos Gamerro), será difícil que otro libro metaforice mejor el cruento absurdo de la guerra de las Malvinas. Cuando al fin la leí, me sorprendió encontrarme con una magistral novela realista, cercana a todo eso contra lo que, más tarde, su autor se declararía. Los diálogos suenan fidelísimos, un poco vargallosianos. La narración es de un costumbrismo oscuro y sólo ocasionalmente alucinado, como en la impresionante escena donde los pichis (jóvenes desertores del ejército argentino, que tratan de salvar la vida que su patria les exigió regalar) celebran los bombardeos ingleses como una atracción de circo. Lo demás, como las descripciones del frío, el dolor o el miedo, es de una compasión y una sobriedad apabullantes. Los pichiciegos es acaso la mejor novela de guerra (o en guerra) escrita en español. Como leemos al final de la primera parte, «esas cosas, de la cabeza, en una vida, no se borran así nomás». Un escritor así, tampoco.

Uno de los editores de Lengua de Trapo, Juan González del Solar, afirma que "Si bien a todos los escritores argentinos se los mastica la patria y no se me ocurre quién le escapa -y sí se me ocurre en otras literaturas-, voy a elegir dos títulos: Facundo, de Domingo Faustino Sarmiento: cuenta la dialéctica macabra de nuestro país, la devastación perpetua del argentino a manos del argentino. Y Boquitas pintadas, de Manuel Puig: describe todos nuestros lugares comunes: entre tantos, somos cursis, sensibleros, egoístas, patéticos y adorables. Y la realidad nos importa poco".

El crítico de Babelia, J. Ernesto Ayal-Dip, que vivió muchos años en Argentina, nos ofrece la siguiente lectura: "Algunos países suelen encontrar en su literatura, novela o poesía, algunas claves de su idiosincrasia. Suelen ser un enigma histórico o sociológico para sus propios ciudadanos. Argentina es uno de ellos. Por ello no son pocos los textos, que en esta materia, son casi canónicos. Yo citaría tres: Facundo, de Domingo Sarmiento; Sobre héroes y tumbas, de Ernesto Sábato; y Buenos Aires: Psicopatología de la vida cotidiana, de Juan José Sebreli.

Facundo es un libro híbrido, casi inclasificable, fue y sigue siendo un patrón de búsqueda de una identidad nacional, además de patrón estilístico. La Argentina es su máxima heroína. Sobre héroes y tumbas es una novela total. El encuentro mágico y terrible entre Martín del Castillo y Alejandra Vidal Olmos es una alegoría de la Argentina, de su historia insondable y torturada. Alguna vez dijo el mismo autor que Alejandra era la Argentina. Y Buenos Aires: Psicopatología de la vida cotidiana es uno de los grandes hitos de la bibliografía sociológica argentina en busca de una explicación del ser argentino. De su brumoso pasado y presente.

Ortega y Gasset dijo de los argentinos que son gente inteligente pero faltos de sentido común. Una frasecita que da bastante que pensar, si somos capaces de superar su empeño de boutade".

Y sí, una vez más, la buena literatura nos sirve de faro sobre el pasado y el futuro; y estos libros recomendaso por expertos argentinos guardan algunas de las claves para entender ese país. No son los únicos, seguro que hay algunos más que ustedes conocen y pueden recomendarnos.

Conselho de Comunicação e o Congresso Nacional

Congresso reativa conselho de comunicação Folha de São Paulo 2 de novembro de 2010
Órgão, que já funcionou de 2002 a 2006, possui caráter apenas consultivo e não tem atribuição de fiscalizar a mídia

Presidente do Senado, José Sarney, despachou cartas a representantes do setor, e 21 indicaram nomes para a entidade

RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

Enquanto alguns Estados estudam implantar conselhos para monitorar a mídia, o Congresso Nacional se prepara para reativar o Conselho de Comunicação Social, órgão previsto desde 1988, mas que só funcionou por pouco tempo, de 2002 a 2006.
Durante o recesso parlamentar de julho, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), despachou cartas a dezenas de entidades anunciando a medida, e 21 delas já indicaram nomes para compor o órgão.
A função do conselho é auxiliar o Congresso em assuntos relativos à comunicação -como liberdade de expressão, outorga e renovação de concessões, programação da televisão e propaganda de cigarros e bebidas.
Diferentemente dos conselhos em gestação em Estados como o Ceará, o do Congresso Nacional não traz entre suas atribuições -estabelecidas pela lei 8.389/91- a tarefa de monitoramento ou de fiscalização dos meios de comunicação. Trata-se apenas de um órgão consultivo, e não deliberativo, e está previsto na Constituição.

CRÍTICAS
As iniciativas estaduais -estimuladas pela Conferência Nacional de Comunicação, realizada no ano passado por convocação do governo Lula- foram criticadas pelas associações das empresas de comunicação e pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sob o argumento, entre outros, de que há uma tentativa de restrição da liberdade de imprensa.
Já em relação ao conselho do Congresso, entidades ouvidas pela Folha se manifestaram favoravelmente.
"O Conselho de Comunicação Social previsto constitucional e legalmente é o federal. Os eventuais conselhos estaduais são criações de natureza eminentemente política e não terão eficácia", diz Paulo Tonet Camargo, diretor de Relações Governamentais da ANJ (Associação Nacional de Jornais).

EXPECTATIVAS
O diretor-geral da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Luís Roberto Antonik, diz que a iniciativa do Congresso serve "para colocar as coisas nos devidos lugares" em relação às iniciativas estaduais, classificadas por ele como sendo um "tremendo retrocesso".
"A nossa expectativa [com relação ao conselho do Congresso] é que ele possa ajudar com propostas e colaborações significativas, sendo um órgão democrático. No caso [dos conselhos] das Assembleias [Estaduais] é diferente. Eles podem tomar providências que não sabemos aonde vão parar", disse Roberto Muylaert, presidente da Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas).

COMPOSIÇÃO
O Conselho de Comunicação Social do Congresso será composto por 13 pessoas eleitas pelos deputados federais e pelos senadores a partir da lista de indicados.
Dentre os participantes, quatro serão ligados às entidades empresariais da mídia e outros quatro virão de órgãos sindicais -como a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). As cinco vagas restantes vão para representantes da sociedade civil.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação -que reúne entidades como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Fenaj- afirma que o conselho do Congresso Nacional é uma oportunidade de a sociedade participar do debate sobre a comunicação, que segundo essas entidades estaria hoje "muito monopolizada" no Brasil