Folha de S.Paulo, domingo, 27 de março de 2011
Regime argentino foi o menos judicializado
DE BUENOS AIRES
Se hoje a Argentina recorre muito mais à Justiça para julgar seus algozes do período autoritário do que seus vizinhos, durante o período da ditadura militar o regime do país foi muito menos judicializado do que os seus similares de Brasil ou Chile.
À época, a Justiça Militar argentina processou 350 militantes de esquerda, número que na Justiça brasileira chega a 7.400 e na chilena a quase 6.000.
Por um lado, os números explicam o motivo de a ditadura militar do Brasil ter tido poucos mortos e desaparecidos (cerca de 500) se comparado à da Argentina, cuja cifra é estimada em 30 mil.
Mas não foi só isso: o modus operandi do regime argentino foi muito mais brutal (foram criados cerca de 340 campos de concentração), e a morte era regra não só para os militantes da esquerda armada, mas também para simpatizantes, estudantes, sindicalistas e intelectuais.
A Argentina, na reparação de seus crimes do período, agora inverteu o quadro: ao contrário do Brasil (cuja Lei de Anistia proíbe o julgamento de ex-militares) e muito diferente do Chile (que não foi tão longe), é hoje o país que mais julgou -e prendeu- os algozes de seu passado autoritário. (LF)
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