Quebrando novamente o ufanismo relacionado à administração de Obama, o presidente americano dá mais um indício de que a política de exceção é o tom que será mantido posteriormente.
Mantendo seus discursos de que a situação crítica é no Afeganistão, o presidente Obama irá redirecionar parte das tropas do Iraque para o Afeganistão. Afinal de contas, hoje é politicamente incorreto ser favorável à invasão ao iraque. Depois de entrar no país, usurpar parte de suas riquezas, como exposto numa postagem anterior, matar o tiranete que a governava em rede mundial de televisão, agora serão mantidas tropas por mais 1 ano e meio. Parece pouco para quem está em casa sentado em frente ao computador lendo essa notícia, mas para o iraquiano que vive o dia-a-dia de exceção no local é uma eternidade. Seria como se voltássemos ao tempo e perguntássemos a um prisioneiro do Lager nazista se 1 ano e meio estaria bom a mais de internação progressiva. Mas sabem como é, mais uma rebeliãozinha aqui, outra ali e daqui a um ano e meio esse prazo pode ser sistematicamente prorrogado. Lembramos que agosto de 2010 é para retirar parte das tropas. O Iraque fica sitiado, teoricamente, até 2011.
Já o Afeganistão, bom, melhor não comentar, mas se a situação no país já era crítica a tendência é piorar. Afinal, segundo Obama, "lá estão os terroristas".
E dá-lhe exceção, excessiva exceção.
Por Steve Holland
CAMP LEJEUNE, EUA (Reuters) - O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira que as operações de combate norte-americanas no Iraque serão encerradas em 31 de agosto de 2010, mas que entre 35.000 e 50.000 soldados vão permanecer no país para dar apoio ao governo e às forças de segurança do Iraque.
Em discurso na base da Marinha de Camp Lejeune, na Carolina do Norte, Obama disse que o "Iraque ainda não está seguro" e que ainda há dias difíceis pela frente. O presidente afirmou ainda que seu governo pretende retirar todas as forças dos Estados Unidos no Iraque até o fim de 2011.
Como candidato à Presidência dos EUA, Obama prometeu retirar as tropas do Iraque em 16 meses. Ele deixou claro que sua prioridade militar seria o Afeganistão e ordenou na semana passada o envio de mais 17 mil soldados ao país.
Há atualmente 142 mil militares norte-americanos no Iraque e 38 mil no Afeganistão.
Em seu pronunciamento, Obama disse aos iraquianos que os Estados Unidos não planejam ter poder sobre seu território, na tentativa de acalmar os iraquianos preocupados com uma presença prolongada do Exército norte-americano no país. O presidente usou parte do discurso para falar diretamente aos iraquianos.
"Os Estados Unidos não querem tomar seu território nem seus recursos. Nós respeitamos sua soberania e os tremendos sacrifícios que vocês fizeram por seu país. Queremos uma transição completa para que o Iraque tenha a responsabilidade pela segurança de seu país", disse.
O conflito de quase seis anos no Iraque marcou a Presidência do republicano George W. Bush e ajudou os democratas a reconquistar o Congresso e a Casa Branca.
O estabelecimento de uma data para a retirada representa um ponto crítico da guerra. A decisão de Obama também se encaixa em sua intenção de mudar o foco militar dos Estados Unidos para o Afeganistão e cortar o déficit orçamentário, em parte reduzindo os gastos com guerras.
Alguns democratas questionaram o tamanho e a missão das forças residuais que Obama pretende deixar no Iraque.
Mas, antes do pronunciamento de Obama, o secretário de Defesa, Robert Gates, disse que "o raciocínio é que qualquer força remanescente após nós pararmos as operações de combate estará focada na missão de contraterrorismo, treinamento, aconselhamento, assistência, e esse tipo de coisa".
Ele também disse a jornalistas na quinta-feira que qualquer decisão de Obama levaria em conta que todas as tropas dos EUA devem estar fora do país até o final de 2011 sob um acordo negociado com o governo iraquiano.
Também antes do anúncio oficial, o general Ray Odierno, comandante dos EUA no Iraque, e o general David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA que supervisiona as operações no Oriente Médio, apoiaram um prazo de 23 meses para a retirada das tropas de combate, de acordo com uma autoridade dos EUA.
Ambos os comandantes alertaram que o Iraque permanece em uma situação frágil e que os ganhos dramáticos na segurança obtidos no último ano e meio podem ser revertidos se as forças dos EUA saírem muito rapidamente.
(Reportagem adicional de Andrew Gray)
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