segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Missão pode gerar neocolonialismo

Folha de São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010


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Missão pode gerar neocolonialismo, diz especialista
DE SÃO PAULO

A proliferação das missões de paz das Nações Unidas protagonizadas por países em desenvolvimento pode dar origem a situações de neocolonialismo, na opinião do professor Matias Spektor, coordenador do Centro de Estudos sobre Relações Internacionais da FGV-Rio.
Porém, segundo ele, isso não significa que as missões não devam ser realizadas.
Nos últimos nove anos, o número de tropas internacionais em missões de paz subiu de 47 mil para os atuais 100 mil, divididas em 16 missões.
Segundo ele, as missões de hoje são diferentes daquelas realizadas na década de 90 na medida em que a ONU exerce cada vez mais poder sobre as nações onde realiza suas operações.
"Há especialistas que acreditam que a missão do Timor Leste, na qual o [brasileiro] Sérgio Vieira de Mello [1948-2003] exerceu o cargo de administrador de transição, era uma forma de neoprotetorado, em que a autoridade política estabelecida pela ONU terminava determinando a maneira de governar a vida de um país", explica.
Segundo Spektor, esse risco inerente das missões de paz está presente também no caso do Haiti.
"Mas isso não quer dizer que não se deva fazer essas intervenções, só é preciso ficar atento para que elas não escondam novas formas de colonialismo", diz.

LÍBANO
O Brasil participa de missões de paz das Nações Unidas desde 1947 e já esteve em Suez, Angola, Moçambique, República Dominicana e em países do Oriente Médio, entre outros lugares do mundo.
Os planos futuros do governo brasileiro envolviam uma retirada gradual de tropas do Haiti a partir do ano que vem e negociações para o envio de militares para a Unifil, a missão de paz no Líbano -devido ao foco da política externa brasileira no Oriente Médio.
Porém, com o terremoto de 12 de janeiro, que devastou o país, o compromisso de presença das tropas brasileiras no Haiti deve ser estendido.
O novo prazo para a saída do Haiti ainda não está definido, mas, segundo diplomatas brasileiros envolvidos com o assunto, as negociações para a ida ao Líbano não foram paralisadas. (LK)

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