terça-feira, 23 de junho de 2009

Parlamento da França cria comissão para estudar uso da burca

Notícia de hoje da Folha de SP

Parlamento da França cria comissão para estudar uso da burca
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colaboração para a Folha Online

O Parlamento da França criou nesta terça-feira uma comissão para estudar o uso da burca, véu que cobre todo o corpo da mulher, incluindo o rosto, um dia depois de o presidente Nicolas Sarkozy ter feito um discurso na Casa em que afirmou que a vestimenta não tem lugar na França já que são um símbolo de submissão da mulher e não de religião.

Os 32 membros da comissão, com integrantes dos quatro principais partidos políticos franceses, realizarão audiências que deverão levar a uma legislação banindo a burca de ser usada em público.
Brian Snyder/Reuters
Mulher muçulmana usa uma burca, vestimenta que cobre todo o corpo, inclusive o rosto; os olhos ficam debaixo de uma tela
Mulher muçulmana usa uma burca, vestimenta que cobre todo o corpo, inclusive o rosto; os olhos ficam debaixo de uma tela

A França possui a maior população muçulmana da Europa, aproximadamente cinco milhões de pessoas. Um pequeno, mas crescente grupo de mulheres usa burca ou niqab --que deixa os olhos à mostra.

Na segunda-feira, Sarkozy disse aos parlamentares que o apoia o fim do uso da burca em público, chamando a vestimenta de "um sinal de submissão" das mulheres.

"Não podemos aceitar que as mulheres sejam prisioneiras atrás de uma tela, cortadas de toda vida social, privadas de toda identidade", disse. "Isso não será bem-vindo no território da República Francesa".

Na semana passada, um grupo de 60 legisladores de todos os partidos políticos assinaram uma petição pedindo um inquérito parlamentar sobre o uso da burca. Grupos muçulmanos e funcionários do governo disseram que é difícil saber quantas mulheres usam burcas e niqabs na França, mas estimaram que são centenas. Elas são mais presentes do que os lenços islâmicos simples.

A comissão criada nesta terça-feira tem seis meses para concluir os trabalhos.

Polêmica

O debate sobre o uso da burca é mais um capítulo da controvérsia de mais de uma década na França sobre o uso de lenços na cabeça por mulheres muçulmanas. Em 2004, o governo proibiu o uso de todos os símbolos religiosos em escolas estatais.

Críticos afirmam que a lei estigmatizou os muçulmanos em um momento no qual o país deveria combater a discriminação nos locais de trabalho e mercado de emprego que causou grande racha na sociedade entre franceses e imigrantes.

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