terça-feira, 30 de junho de 2009

ONU aprova resolução pelo retorno imediato do presidente deposto a Honduras Publicidade

Notícia proveniente da Folha de Sp.
O golpe de Honduras é um indício para aqueles que achavam que os tempos de chumbo eram distantes.
Momentos de crise, no sentido amplo da palavra.

ONU aprova resolução pelo retorno imediato do presidente deposto a Honduras
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da Folha Online

A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta terça-feira uma resolução na qual pede a "imediata e incondicional" restituição de Manuel Zelaya como presidente "legítimo e constitucional" de Honduras.

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Zelaya foi derrubado do poder no último domingo (28) em um golpe orquestrado pela Justiça e o Congresso e executado por um grupo de militares que o expulsaram para a Costa Rica. Desde então, o presidente deposto ganhou apoio unânime da comunidade internacional.
Bebeto Matthews/AP
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, discursa na Assembleia Geral da ONU
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, discursa na Assembleia Geral da ONU

"Esta resolução expressa a indignação do povo de Honduras e do resto da comunidade internacional", disse Zelaya, que discursou perante a Assembleia pouco depois da aprovação da resolução, que classificou de "histórica".

A assembleia condenou de maneira unânime o golpe militar em Honduras, aprovou por aclamação a resolução contra o governo interino e pediu aos 192 países-membros que não reconheçam qualquer governo além de Zelaya.

O presidente da assembleia, Miguel D'Escoto Brockmann, que em muitas ocasiões criticou o posicionamento dos Estados Unidos e outras potências ocidentais, elogiou a aprovação da resolução e liderou os aplausos ao destacar que os EUA, Canadá e outros países assinaram como co-patrocinadores.

A resolução condena o golpe que "interrompeu a ordem constitucional e democrático e o exercício legítimo de poder em Honduras e resultou na remoção do presidente eleito democrático."

O texto exige ainda a "restauração imediata e incondicional" do governo de Zelaya e "decide reconhecer nenhum governo além daquele do presidente constitucional."

A resolução apoia ainda os esforços regionais para resolver a crise e expressa preocupação em relação "aos atos de violência contra o pessoal diplomático" em Honduras, além dos problemas de segurança que colocam em risco cidadãos e estrangeiros.

Ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança da ONU --como o texto de punição ao teste nuclear da Coreia do Norte--, as resolução da assembleia geral não têm valor legal, mas refletem a visão da comunidade internacional.

Depois do voto, Zelaya sorriu e cumprimentou os presentes. Então, ele caminhou até o pódio da reunião para agradecer o apoio. "A resolução que a ONU acaba de aprovar unanimemente expressa a indignação do povo de Honduras e de todo o mundo", disse Zelaya.

"Esta resolução é histórica. É significativa. E ela dá poder a cada cidadão deste mundo para continuar com estas grandes conquistas da humanidade", disse.

Zelaya descreveu as ações militares como "um bruto golpe de Estado" e o trabalho de "pequenos grupos de usurpadores" que levaram adiante um "ato fe agressão contra o desejo democrático do povo."

Fortalecido pelo apoio internacional, Zelaya afirmou nesta segunda-feira que ele voltará para Honduras para tentar reconquistar o controle do governo. Roberto Micheletti, nomeado presidente interino nomeado pelo Congresso, rejeitou as denúncias de golpe de Estado e afirmou que, se Zelaya retornar, será preso.

Derrubado

O golpe que derrubou Zelaya do poder foi realizado horas antes de o país iniciar uma consulta pública sobre um referendo para reformar a Constituição. O presidente deposto queria incluir o referendo sobre a convocação da Assembleia Constituinte --que, segundo críticos, era uma forma de Zelaya instaurar a reeleição presidencial no país-- nas eleições gerais de 29 de novembro. A proposta, contudo, foi rejeitada pelo Congresso.

Os parlamentares afirmaram que a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei e desrespeito a ordens e decisões das instituições".

O presidente deposto defendeu-se dizendo ser vítima de "um complô de uma elite voraz, uma elite que só quer manter o país isolado, em um nível extremo de pobreza".

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