Após adiar a votação por dias, o Congresso da Colômbia aprovou nesta terça-feira por maioria o projeto de lei para a realização de um plebiscito sobre a segunda reeleição no país, que permite ao presidente Álvaro Uribe candidatar-se novamente nas eleições de 2010.
A votação ocorreu após quase 15 horas de debate, centrado não na questão da segunda reeleição e sim em quais congressistas podiam votar --já que muitos deles estão sendo investigados pela justiça. O voto em si ocorreu em apenas cinco minutos, um sinal da força de Uribe no Legislativo.
Ao saber o resultado da votação, lida pelo secretário da Câmara quase à meia-noite, os uribistas aplaudiram e se abraçaram com entusiasmo.
A iniciativa requeria para sua aprovação de 84 votos, maioria absoluta, enquanto os parlamentares do Polo Democrático Alternativo (PDA, esquerda) e do liberalismo se abstiveram de votar.
O ministro do Interior e Justiça, Fabio Valencia, agradeceu o trabalho dos legisladores e disse que "agora é o próprio povo colombiano o que decide".
"Muito obrigado a todo o Congresso, ao Senado, à Câmara, porque cumpriram com seu compromisso com o povo", acrescentou Valencia, em breves declarações oferecidas a jornalistas após a votação.
"Aqui existe uma desejo de afetar algo muito importante para os colombianos, sua Constituição. Acho que na Colômbia vamos rumo a uma polarização social", advertiu a seu turno o representante Franklin Legro, do esquerdista Polo Democrático Alternativo e contrário à reeleição do presidente.
Próximo passo
Com o sinal verde da Câmara de Representantes, a lei de referendo passa agora às mãos da Corte Constitucional, que deverá emitir uma sentença antes de 90 dias.
Se a lei passar, o Registro Nacional (responsável pela organização eleitoral) deverá preparar a logística para fazer efetivo o plebiscito --que perguntará aos colombianos se querem ou não uma segunda reeleição imediata de Uribe.
No referendo, Uribe precisa de ao menos 7,5 milhões de votos de um total de 30 milhões de eleitores.
Uribe
Eleito pela primeira vez em 2002, Uribe era considerado um "forasteiro" na política e ganhou renome e apoio ao prometer acabar de vez com a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e os produtores de cocaína que tornaram o país no maior produtor da droga.
Ajudado por bilhões de dólares de ajuda americana, Uribe enviou tropas para acabar com as Farc na selva e montanhas remotas, matando e capturando os principais comandantes da guerrilha e reduzindo suas forças com deserções.
A popularidade de suas políticas de segurança e pró-investimentos permitiram a Uribe conquistar apoia nas pesquisas de opinião sobre um terceiro mandato.
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