quarta-feira, 4 de março de 2009

Fed descarta recuperação na economia dos EUA antes do fim do ano

Segue abaixo notícia no site da Folha de São paulo acerca da crise econômica.



As condições econômicas dos Estados Unidos continuaram a se deteriorar entre janeiro e fevereiro deste ano, segundo o "Livro Bege", documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Federal Reserve (Fed, o BC americano), e divulgado nesta quarta-feira. De acordo com o documento, uma recuperação não deve ocorrer antes do fim deste ano ou do início de 2010.

Segundo o documento, dez das 12 regiões em que foram coletadas as informações apresentaram condições econômicas fracas ou quedas na atividade --as exceções foram Filadélfia e Chicago.

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"A deterioração foi ampla, com apenas alguns setores, tais como produção de alimentos e produtos farmacêuticos, como exceções. Olhando adiante, contatos com vários distritos classificam as perspectivas para melhora nas condições econômicas no curto prazo como fracas", diz o texto. "Uma retomada significativa não é esperada antes do fim de 2009 ou do início de 2010."

O texto destaca que, com a elevação das demissões e a interrupção em contratações, o desemprego cresceu em todas as regiões, reduzindo as pressões de elevação de salários. As pressões inflacionárias, por sua vez, continuam a diminuir em uma parte considerável nos setores de bens finais e serviços, o que reflete tanto as quedas de preços da energia e de commodities como uma queda na demanda.

Os gastos dos consumidores permaneceram fracos, emboras alguns distritos tenham apresentado melhora em janeiro e fevereiro, na comparação com a temporada de compras de fim de ano de 2008. A atividade no setor de viagens e turismo e em uma série de serviços fora do setor financeiro tiveram uma queda acentuada, diz o texto.

A atividade manufatureira também sofreu queda acentuada em alguns segmentos. O mercado imobiliário permanece em grande parte estagnado, com sinais mínimos e esparsos de estabilização em algumas regiões, enquanto a demanda por imóveis comerciais teve deterioração "significativa".

"Relatos de bancos e outras instituições financeiras indicam novas quedas na demanda por empréstimos, uma ligeira deterioração na qualidade do crédito para empresas e pessoas físicas e a continuação da escassez de crédito", diz o documento.

Os dados para o relatório foram coletados até o dia 23 de fevereiro.

Indicadores

Os dados presentes no "Livro Bege" refletem o que os indicadores econômicos americanos divulgados recentemente já sinalizaram. O setor privado, por exemplo, perdeu 697 mil empregos no mês passado, segundo divulgação da consultoria de recursos humanos ADP Employer Services.

O Departamento do Trabalho, que apura os números oficiais, vai divulgar os dados de fevereiro na sexta-feira (6). A expectativa dos analistas é de que tenham sido fechadas no mês passado 640 mil vagas e que a taxa de desemprego tenha ficado em 7,9%, contra 7,6% em janeiro --quando foram fechadas quase 600 mil vagas.

Os gastos do consumidor, segundo o Departamento do Comércio, tiveram uma alta de 0,6% em janeiro, interrompendo uma sequência de seis quedas consecutivas. No entanto, a taxa de poupança no país continuou a subir, chegando a 5% (a maior desde 1995), o que foi visto como sinal de que os gastos no mês passado foram uma exceção, e que para os próximos meses os gastos devam continuar a encolher.

Os dados sobre confiança do consumidor também apontam para uma queda no consumo: o indicador apurado pela Universidade de Michigan ficou em 56,3 pontos, contra 61,2 verificados em janeiro, e o apurado pelo instituto privado de pesquisa Conference Board caiu para 25 pontos em fevereiro, pior índice desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1967.

A economia americana registrou uma contração de 6,2% no quarto trimestre, de acordo com a segunda estimativa de desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do país entre outubro e dezembro do ano passado, pior desempenho desde a queda de 6,4% ocorrida no primeiro trimestre de 1982.

Recessão

A economia dos EUA está em recessão desde dezembro de 2007, segundo o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês). Recessão, segundo o Nber, é um significativo declínio na atividade econômica e que costuma durar mais que alguns poucos meses: ela começa quando a economia atinge um pico do ciclo econômico e termina quando atinge o ponto mais baixo. Para o Nber, a economia americana atingiu um pico em dezembro de 2007, marcando o fim do ciclo de expansão começado em novembro de 2001 e o início da recessão.

O critério mais comum para determinar se um país está em recessão ou não, no entanto, é uma sequência de dois trimestres consecutivos de desempenho negativo do PIB (Produto Interno Bruto). Nesse critério, a economia dos EUA também está em recessão --no terceiro trimestre houve uma contração de 0,5%.

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