Segue abaixo notícia no site da Folha de São paulo acerca da crise econômica.
As condições econômicas dos Estados Unidos continuaram a se deteriorar entre janeiro e fevereiro deste ano, segundo o "Livro Bege", documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Federal Reserve (Fed, o BC americano), e divulgado nesta quarta-feira. De acordo com o documento, uma recuperação não deve ocorrer antes do fim deste ano ou do início de 2010.
Segundo o documento, dez das 12 regiões em que foram coletadas as informações apresentaram condições econômicas fracas ou quedas na atividade --as exceções foram Filadélfia e Chicago.
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"A deterioração foi ampla, com apenas alguns setores, tais como produção de alimentos e produtos farmacêuticos, como exceções. Olhando adiante, contatos com vários distritos classificam as perspectivas para melhora nas condições econômicas no curto prazo como fracas", diz o texto. "Uma retomada significativa não é esperada antes do fim de 2009 ou do início de 2010."
O texto destaca que, com a elevação das demissões e a interrupção em contratações, o desemprego cresceu em todas as regiões, reduzindo as pressões de elevação de salários. As pressões inflacionárias, por sua vez, continuam a diminuir em uma parte considerável nos setores de bens finais e serviços, o que reflete tanto as quedas de preços da energia e de commodities como uma queda na demanda.
Os gastos dos consumidores permaneceram fracos, emboras alguns distritos tenham apresentado melhora em janeiro e fevereiro, na comparação com a temporada de compras de fim de ano de 2008. A atividade no setor de viagens e turismo e em uma série de serviços fora do setor financeiro tiveram uma queda acentuada, diz o texto.
A atividade manufatureira também sofreu queda acentuada em alguns segmentos. O mercado imobiliário permanece em grande parte estagnado, com sinais mínimos e esparsos de estabilização em algumas regiões, enquanto a demanda por imóveis comerciais teve deterioração "significativa".
"Relatos de bancos e outras instituições financeiras indicam novas quedas na demanda por empréstimos, uma ligeira deterioração na qualidade do crédito para empresas e pessoas físicas e a continuação da escassez de crédito", diz o documento.
Os dados para o relatório foram coletados até o dia 23 de fevereiro.
Indicadores
Os dados presentes no "Livro Bege" refletem o que os indicadores econômicos americanos divulgados recentemente já sinalizaram. O setor privado, por exemplo, perdeu 697 mil empregos no mês passado, segundo divulgação da consultoria de recursos humanos ADP Employer Services.
O Departamento do Trabalho, que apura os números oficiais, vai divulgar os dados de fevereiro na sexta-feira (6). A expectativa dos analistas é de que tenham sido fechadas no mês passado 640 mil vagas e que a taxa de desemprego tenha ficado em 7,9%, contra 7,6% em janeiro --quando foram fechadas quase 600 mil vagas.
Os gastos do consumidor, segundo o Departamento do Comércio, tiveram uma alta de 0,6% em janeiro, interrompendo uma sequência de seis quedas consecutivas. No entanto, a taxa de poupança no país continuou a subir, chegando a 5% (a maior desde 1995), o que foi visto como sinal de que os gastos no mês passado foram uma exceção, e que para os próximos meses os gastos devam continuar a encolher.
Os dados sobre confiança do consumidor também apontam para uma queda no consumo: o indicador apurado pela Universidade de Michigan ficou em 56,3 pontos, contra 61,2 verificados em janeiro, e o apurado pelo instituto privado de pesquisa Conference Board caiu para 25 pontos em fevereiro, pior índice desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1967.
A economia americana registrou uma contração de 6,2% no quarto trimestre, de acordo com a segunda estimativa de desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do país entre outubro e dezembro do ano passado, pior desempenho desde a queda de 6,4% ocorrida no primeiro trimestre de 1982.
Recessão
A economia dos EUA está em recessão desde dezembro de 2007, segundo o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês). Recessão, segundo o Nber, é um significativo declínio na atividade econômica e que costuma durar mais que alguns poucos meses: ela começa quando a economia atinge um pico do ciclo econômico e termina quando atinge o ponto mais baixo. Para o Nber, a economia americana atingiu um pico em dezembro de 2007, marcando o fim do ciclo de expansão começado em novembro de 2001 e o início da recessão.
O critério mais comum para determinar se um país está em recessão ou não, no entanto, é uma sequência de dois trimestres consecutivos de desempenho negativo do PIB (Produto Interno Bruto). Nesse critério, a economia dos EUA também está em recessão --no terceiro trimestre houve uma contração de 0,5%.
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