segunda-feira, 2 de março de 2009

Golpe de Estado na Guiné-Bissau


02/03/2009 - 10h09
Presidente da Guiné-Bissau é assassinado por soldados
Folha Online


O presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, foi assassinado nesta segunda-feira por soldados, horas depois do chefe do Exército do país, Na Wai, ser morto em atentado a bomba, na noite deste domingo (1º), em aparente golpe de Estado.
Vieira foi autor do primeiro golpe de Estado militar no país, em 1980, e passou cerca de duas décadas sofrendo tentativas constantes de novo golpe. Em 1994, realizou e ganhou as primeiras eleições livres do país. Cerca de cinco anos depois, em 1999, foi derrubado por rebeldes da oposição.
Em 2005, voltou ao poder reeleito nas eleições nacionais sob promessas de desenvolver a economia no país e a reconciliação nacional.
Parte da etnia Pepel, uma das menores da Guiné-Bissau, ele teve grandes discussões ao longo da vida política com políticos da etnia Balante, uma das maiores do país, da qual fazia parte Na Wai.
O regime de Vieira estabeleceu o caminho para uma economia de mercado e um sistema multipartidário, mas foi caracterizado também pela supressão da oposição política e atentados contra rivais políticos.

Nota: a prospecção de petróleo em águas profundas no mar territorial do país deverá começar em 2010, sob controle da empresa holandesa "Super Nova". Desde a década de 1960, a possível presença de petróleo no país lusófono, cuja economia é dominada pela pesca e pela produção de cereais, tem contribuído fortemente para a sua instabilidade. Análises preliminares sugerem a existência de grandes reservas. Embora o Exército negue relação com a morte de Vieira, provavelmente se trata de uma represália à morte de Na Wai, uma vez que o chefe militar de Relações Exteriores, Zamura Induta, acusou Vieira de ser o mandante do assassinato de Na Wai. A União Européia classificou o golpe de "inadmissível", mas como diria Noam Chomsky, quando um Estado ou organização internacional declara que determinado evento é "inadmissível", quer na verdade dizer exatamente o contrário, isto é, que o admite.

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